As TIC na participação política dos jovens
O Observatório da Juventude na Espanha patrocina esse estudo, a cargo dos autores Adolfo Álvaro Martín e Rafael Rubio, sobre o interesse e as novas formas de participação política dos jovens espanhóis. O estudo parte dos dados de uma pesquisa realizada pelos autores em dezembro de 2013, complementada com outras pesquisas e estudos alheios anteriores e posteriores. Simultaneamente, se esforçam para tentar explicar causas e consequências da mesma e oferecer propostas concretas e atrevidas que afetam a forma de comunicação das instituições e organizações políticas.
Como resultados relevantes do estudo, é preciso mencionar o elevado interesse dos jovens espanhóis pelo devir político do país, ao mesmo tempo em que expressam uma forte desafeição com respeito às formulas de participação e as propostas políticas dos partidos tradicionais. Outro ponto importante a destacar é que três de cada 10 jovens não se sentem representados por nenhuma das propostas políticas partidárias existentes.
Além disso, o interesse desses jovens pelos partidos tradicionais e massivos (PSOE e PP) está sendo substituído por formações de novo cunho. Por sexo, o descrédito pela atividade partidária é maior entre homens do que entre mulheres: para eles, a opção “Nenhum” é 45 % das respostas, enquanto que para as mulheres, apenas 39 %. No entanto, a idade não é uma variável completamente significativa para justificar a atitude para com a política.
Também é importante destacar a substituição produzida nos meios tradicionais de comunicação, os quais passam a ocupa os últimos lugares com respeito à sua capacidade para influenciar no interesse dos mais jovens pela política.
No total, 68 % dos jovens espanhóis expressaram que a Internet permite que os cidadãos atuem à margem dos partidos políticos. Por outro lado, esses mesmos jovens têm uma visão muito pessimista sobre o comportamento dos políticos tradicionais com as ferramentas digitais, de forma que 74,75 % deles “concordam muito/bastante” com a ideia de que os políticos só as utilizam para fazer publicidade e pedir votos. Como consequência disso, apenas 28 % “concorda muito/bastante” com a idéia de que a Internet e as redes sociais permitem que os cidadãos influenciem nos políticos.
A desafeição com respeito à política tradicional contrasta com a afinidade e o envolvimento dos jovens em atividades de movimentos cidadãos de caráter horizontal, como o 15M ou a Plataforma de Afectados por la Hipoteca, PAH, (Plataforma de Afetados pela Hipoteca). A pesar do tempo transcorrido desde o seu surgimento em 2011, mais de 67 % manifestaram que se sentem “muito/bastante identificados” com o movimento 15M, e 62 % dos entrevistados manifestaram o seu apoio às ações desenvolvidas pela PAH.
Finalmente, caberia destacar que existe uma evidente comunicação entre o que ocorre nos espaços virtuais e físicos, já que apenas 24 % dos entrevistados limitaram a sua participação nos atos do 15M unicamente ao espaço virtual.