Percepções sobre jovens que não trabalham nem estudam
O Instituto Nacional de la Juventud de Chile – INJUV (órgão público responsável por colaborar com o Poder Executivo no desenvolvimento, planejamento e coordenação das políticas de juventude do país) publica sondagens, de maneira periódica, que buscam conhecer a opinião dos jovens diante de um tema concreto (avaliação de líderes, bullying em centros escolares etc.). Nessa ocasião, os jovens foram questionados sobre a educação e o mundo laboral; as razões de não estarem estudando nem trabalhando; suas percepções sobre os jovens inativos e que não estudam; e sobre o que pensam a respeito do sistema de aposentadoria.
Participaram do estudo 1.133 jovens, homens e mulheres, entre 18 e 29 anos, de todos os níveis socioeconômicos e residentes em todas as regiões do país.
Importância da educação e do trabalho
O mais importante que um jovem ou uma jovem pode alcançar por meio da educação, segundo as pessoas entrevistadas, é conseguir um trabalho do qual goste (36%), melhorar a situação econômica (35%) e poder ter uma profissão (33%). Nesse aspecto, não foram observadas grandes diferenças por sexo, idade e zona residencial.
Quando os entrevistados foram questionados sobre as principais razões para trabalhar ou buscar trabalho, responderam, em termos gerais, que trabalhavam principalmente para se sustentar ou sustentar a família (42%), e ainda para financiar gostos pessoais (36%). Quanto às demais razões mencionadas, observam-se variações importantes. As mulheres e os jovens de 18 a 24 anos responderam, em maior proporção, que trabalhavam para estudar (28%). Já os jovens de nível socioeconômico alto afirmaram que trabalhavam para “se sentirem realizados como pessoas” – essa resposta foi mais recorrente neste grupo do que entre os entrevistados de outros níveis socioeconômicos.
Oportunidades para que um jovem tenha acesso a uma boa educação e um bom trabalho
Utilizando uma escala de 1 a 7 (na qual 1 corresponde a péssima e 7 a excelente), os jovens avaliaram as oportunidades de acesso a uma boa educação e a um bom trabalho, o que resultou nas médias 4,2 e 3,9, respectivamente. No entanto, as jovens chilenas identificam maiores dificuldades em ambas as questões em relação a seus pares masculinos, sinalizando 7% a mais as posições entre 1 e 3.
Os dados anteriores estão relacionados com o fato de que 60% dos entrevistados concordam com a afirmação “em geral, são escassas as oportunidades de trabalho para os jovens no Chile”, porém, existem diferenças por gênero e lugar de residência. As mulheres se mostraram 11% a mais de acordo com esta afirmação do que os homens (alcançando 66%); entre os jovens, aqueles que vivem em outras regiões concordam 8% a mais do que os que moram em Santiago (alcançando 64%).
Por outro lado, verifica-se uma posição bastante unânime sobre a opinião de que “para que um jovem se dê bem na vida, deve continuar os estudos após terminar o ensino médio”. E que o nível e tipo de estudos influenciam na hora de escolher livremente o trabalho desejado. Tais opiniões são compartilhadas por mais de 70% dos jovens chilenos.
Jovens inativos e que não estudam
Um total de 9% do grupo de entrevistados declara não estar trabalhando nem estudando. Desses, 83% são principalmente mulheres, 51% têm entre 25 e 29 anos, 68% pertencem a um nível socioeconômico baixo e 52% moram fora de Santiago.
Completar a educação (24%) e necessidade econômica (23%) são as razões que, majoritariamente, levam homens e mulheres a não seguirem estudando. A terceira questão é, no caso dos homens, “por trabalhar ou estar procurando trabalho” (23%), e, no caso das mulheres, a “dedicação às tarefas domésticas e ao cuidado familiar” (16%).
Por outra parte, existem grandes diferenças nas razões ditas por homens e mulheres para não estarem trabalhando. Enquanto para eles aparece a impossibilidade de compatibilizar estudo e trabalho (63%), para elas são as tarefas do lar, o cuidado de familiares e a gravidez (40%) os principais motivos para o afastamento do mundo do trabalho.
Percepções sobre jovens inativos e que não estudam
Preocupação (25%), indiferença (20%) e desgosto (16%) são os sentimentos que geralmente acometem os jovens entrevistados, quando descobrem que um jovem no Chile não trabalha nem estuda.
A seguir, o estudo questiona os jovens sobre as razões de homens e mulheres não estudarem nem trabalharem. Nesse sentido, detecta que o “cuidado de filhos ou familiares” é a principal razão que afasta as mulheres jovens da educação e do trabalho (46%). Já no caso dos homens, a maioria pensa que há falta de interesse (61%).
Finalmente, mais da metade dos jovens entrevistados (53%) opina que a oferta educacional e laboral no Chile não responde aos interesses e às expectativas dos jovens. Quase a mesma porcentagem afirma que a oferta de educação superior não garante o acesso a um bom posto de trabalho.
A pesquisa inclui um módulo final sobre as opiniões dos jovens com respeito ao sistema de aposentadoria, que tem como destaque o baixo nível de confiança outorgado às Administradoras de Fondos de Pensiones – AFP, com uma média de 2,2 sobre 7.